domingo, 16 de agosto de 2009

Divórcio







Quando penso que o divórcio é admitido pela primeira vez em Portugal em 1910 fico abismada como é possível que apesar de ser notório o seu elevado crescimento, não estejamos ainda preparados para o aceitar e entender.

Parece que a lei existe, até evoluiu e foi finalmente alterada em 1 de Dezembro de 2008, deixando de se julgar quem tinha "culpa" na degradação de uma relação conjugal e também permitir que se um dos conjugues tiver motivos possa rapidamente obter a separação. Ou seja, parece que podemos finalmente pensar que para uma relação funcionar, ambos são responsáveis e intervenientes.
Mas a realidade é bem diferente, opta-se pelo divórcio mas não se está preparado para ele. Continuamos a não saber como lidar com a nova situação, que parece, pode acontecer a qualquer um.

Guerras; difamações; tortura psicológica; usar a inocência dos filhos; o poder económico; social e até denegrir publicamente a imagem do outro, faz do acto do divórcio uma autentica batalha.

Com a ajuda de advogados e juízes; assistentes sociais que por estarem sobrecarregadas com processos nada fazem; vale tudo!

Nunca esquecer, é claro, a família, tios; avós; sobrinhos e até alguns amigos que acham que têm que tomar partido por uma das partes, como se isso fosse correcto e revelasse o seu excelente carácter. Assim luta-se por banir o outro das suas vidas, impedindo o contacto com os que obrigatoriamente ficam do seu lado. Uma verdadeira guerra civil.

Em vez de ajudar, confortar e acalmar os que sentem que o seu sonho foi destruído, vão cravando as suas garras verdadeiramente afiadas no conjugue do lado oposto.

Como se não bastasse e porque amam muito os filhos dessa relação agora desfeita, tentam a todo o custo infernizar-lhes a vida e manipulando-os para que tomem partido por um dos pais, como se isso fosse possível e bom para uma criança.

O mais incrível é que parece que não há ninguém que veja e impeça esta aberração, que proteja as crianças e condene os usando dos mais diversos estratagemas magoam, traumatizam e terminam com a relação entre pais e filhos que somente pedem para os tirar desta guerra.

A parte económica é outra questão pertinente e que facilmente é usada para torturar o outro.

Acresce que tudo isto acontece com o consentimento de todos, já que uma boa parte dos advogados é perito em estratagemas e técnicas para forçar o outro e o levar à loucura; da mesma forma Juízes decidem tendo em conta apenas a sua opinião, sem moral, sem uma profunda analise aos factos apresentados e finalmente cientes que são autoridade máxima e não avaliada.

Sabemos ser civilizados?
Estamos realmente preparados para o divórcio?

Sinceramente, acho que não.

Penso que apenas uma minoria consegue colocar em primeiro plano os filhos, não os prejudicar financeiramente e principalmente não lhes causar traumas. Consegue entender que não há culpa. Que da mesma forma que existe um casamento quando ambos querem, esse só poderá ser mantido se ambos o desejarem. Que uma separação é sempre dolorosa e por isso o melhor é que seja rápida, evitando o sofrimento e muito menos passar para atitudes de vingança.

Que o melhor é ser justo na partilha e até generosos. Afinal a maior parte das vezes gasta-se mais em custas com processos, desgaste e psicólogos do que com uma divisão que beneficie os interesses dos dois.

Grata,

Paula Minau